sexta-feira, 1 de abril de 2011

Who should I be?



Pergunte-me quem eu sou e me calará por intermináveis segundos. Eu procuro essa resposta incansavelmente desde hora que acordo. Talvez essa não seja a pergunta mais adequada ao lidar comigo. Pergunte-me agora quem eu deveria ser e terá uma resposta, talvez não instantânea e muito menos definitiva. Porque eu devo ser como o vento. Mutável, destrutivo, passageiro.

quinta-feira, 31 de março de 2011

Adeus?



Caixas e mais caixas vazias por toda a casa, eu deveria estar guardando meus pertences que não é muito apenas meia dúzia de roupa e algumas centenas de livros, mas insisto em ignorá-las. Daqui á alguns dias o caminhão vem pra levar as tralhas. É eu sei, eu sei. Dói, mas é assim que sempre foi. Um adeus aqui, outro ali.
Quando se é pequeno tudo acaba em aventura, mas quando se cresce esse tipo de aventura deixa marcas. Ás vezes bate uma saudadezinha de que quando se era criança, a única coisa que deixava marcas eram as peraltices. Arranhões cicatrizam mais rápido do que despedidas.
Ninguém te disse que tudo tem prazo de validade? E esse lugar aqui já venceu, entende? É tarde demais para procurar um atalho. “Caminhe por essa estrada e você não estará sozinha” é só o que ouço.
Um recomeçar atrás do outro. Recomeço, é como se enganar que você poderá ser escritor de sua própria vida. Mas não é você, é outro alguém. Alguém sem nome, de voz para poucos. Você pode chamar de destino se quiser.
Mas eu só queria saber quantos “adeuses” ainda serão necessários para ouvir um “fica comigo”? E de repente um insight clareia a confusão e você percebe que ninguém vai te responder, você precisa continuar vivendo para descobrir.
Aceitando o novo de novo. E eu continuo repetindo baixinho: Calma, coração. Vai dar tudo certo, vai dar tudo certo... Tem que dar... Vai dar.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Borboletas no estômago






''Tenho uma parte que acredita em finais felizes, em beijo antes dos créditos, enquanto outra acha que só se ama errado. Tenho uma metade que mente, trai, engana. Outra que só conhece a verdade. Uma parte que precisa de calor, carinho, pés com pés. Outra que sobrevive sozinha, metade auto-suficiente. Mas, há muito, eu erro a mão. A dose. Esqueço a receita do equilíbrio". Caio Fernando Abreu.

Há tempo que borboletas me rondam... Dão voltas e voltas, causam delírios. Mas que ninguém se engane ou deixe-se iludir por suas asas e suas promessas lúdicas porque no fim continuam as mesmas larvas. Larvas conhecidas por seu apetite insaciável. Saiam daqui, já estou farta de ilusões!  Voem para outro lado e deixe o pouco que resta desse coração castigado em paz.
Quando voarem por ai se algum dia pousar no coração de meu amado diga a ele que dele só me restaram as mais doces mentiras. Talvez eu tenha receio, na verdade, temo tudo que ponha em risco meu livre arbítrio. Uma mistura de covardia e egoísmo. Ah como essa covardia me machuca...
Ensaiei por horas palavras, gestos, rompimentos, declarações. Tanto quis falar que nada falei. Aquieta coração que ainda não chegou sua hora. Espere a ventania e os galhos secos se acalmarem que logo depois o sol aparece e tudo se esclarece. 

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Claustrofóbico

"Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento." Clarice Lispector


Meus pêsames, meu amor, seu coração é claustrofóbico. Aceite um conselho amigo, de alguem que te quer tão bem, você atrai o que mais teme.  

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Lembranças em retalhos


"Na infância.. Bastava sol lá fora e o resto se resolvia."- Fabrício Carpinejar




Tarde de verão, o calor lá fora queima. Da janela vejo as folhas das árvores dançarem ao som do vento, em um ritmo lento. Tudo tão quieto que quase consigo ouvir meu coração bater. Tum-tum-tum.
- Vó... - Queria protestar, eu poderia estar correndo atrás dos patinhos ou subindo no pé de jabuticaba. - Porque que eu tenho que dormir?
Protesto mais tímido esse! Ela me olhava com aqueles olhos de índia e me respondia com uma voz autoritária por natureza:
-Faz bem pra digestão. Vira de bruços e dormi.
-Mas eu não estou com sono. - Logo embirrava e fazia cara de choro.
-Fecha os olhos que o sono vem, menina.
E eu fechava, apertava-os, esforçava pra me concentrar. Mas que diabos de sábia que não fica quieto! Como vou conseguir dormir?  Rolava de um lado para o outro na cama. A colcha era de retalhos coloridos, estampados, de veludo, de jeans velho. Quantos retalhos têm aqui? Um, dois, três... Será que mamãe vai demorar? Seis, sete... Oito retalhos... Talvez cem ou infinitos!
O fogão a lenha deve estar acesso porque já sinto cheiro da gula. Doce de figo, doce de mamão, doce de laranja, doce-de-leite. Vó dos doces e dos retalhos. Até consigo imaginar ela com os cabelos negros e escorridos presos em um coque alto, as mãos fortes mexendo nas panelas.
E se eu dormir e não acordar mais? Não quero morrer! Não vou dormir. Fiquei olhando para as paredes de madeira que eram coloridas também. Engraçado. Gosto muito é do verde daquela árvore. Tão calma e indefesa e vem aquele vento empurrar-lhe os galhos! Fechei os olhos. Primeiro ouvi minha respiração e depois o meu coração Tum-tum-tum. Sinal de que ainda estou viva, pensei em alivio. Uma moleza foi tomando conta, acho que era o sono, mas quando acordei mamãe já tinha chegado para me buscar.
Montei na garupa da bicicleta, mamãe já havia começado as pedaladas quando olhei para trás e vi vovó acenando para mim como forma de despedida. Tive a sensação de que era uma das últimas tardes com ela, com um sorriso triste acenei como resposta.  Minha intuição estava certa...


sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Eu+ gosto amargo + você = Matemática





Quando virar para trás prometo que olharei com carinho. De todos seus erros e defeitos gosto mesmo é do pior. Você marinheiro de todos os portos, amante de todas as flores. Lembro-me que já te desejava por de trás dos olhos tímidos, desejei como uma criança deseja um doce. Doce mais amargo, gosto de culpa.
Do pecado o mais doce. Do platônico o mais intenso. Dos delírios de menina á realidade do homem. Paguei pelo o meu pecado com leves e longas prestações de martírio. Não importa, valeu o preço. Valeu mesmo? Não sei mais.
Gosto mesmo é dessa tua barba mal-feita, do teu cheiro que deixa rastros, da tua malícia. Bons tempos foram aqueles. Tempos de não-posso-te-ter. Platonicamente era tudo mais bonito, mais vivo e de cores mais intensas. Restou apenas os dias de cores gastas. Isso nos teus olhos é compaixão? Não, não. Isso eu dispenso e todo o resto. Ah se soubesse como te desejo bem! Bem longe de mim... mas mesmo assim quero-o muito bem.
Andei pensando, tudo se resume em matemática até nosso erro. É simples! Por mais que subtraísse, multiplicasse e anulasse alguns detalhes seu cálculo final ainda não bateria com o meu inicial. Matemática sempre simplificando as coisas!

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Felizes para sempre?





O que vem depois que sobem os créditos? As luzes se acedem e é fim? E só nos resta um desejo de quero-pra-mim . A sala vai se esvaziando, um a um vai acordando do faz de conta, menos eu. Talvez minhas expectativas sejam grandes demais para se guardar no peito. A culpa não é minha, não é sua é tudo culpa de Hollywood.
E esse tal de felizes-para-sempre que nunca chega? Dispenso o cavalo branco, o príncipe e o para-sempre eu só preciso mesmo é dessa parte: felizes. Sabia que não devia ter confiado na Disney. Exijo meu dinheiro de volta!
Não se pode confiar apenas nos olhos, aprendi a lição. Ultimamente prefiro os pés no chão à cabeça ao vento, ao livre á correntes, um abraço sincero á beijos manipuladores. Do que adianta sair às cegas, sem direção? Deixe lá o amor, que um dia ele me procura.